quinta-feira, 31 de março de 2011

                  Grito Rock: o que ficou

Luis Melodia, certa vez, em uma de suas composições, afirmou não lhe ser agradável a eminente chegada do Carnaval. Até dou razão a ele, visto que na época da afirmação não existia o festival Grito Rock, real alternativa para quem quer bem gastar tal época. Festival, este, que acabamos de ver se realizar pela 2ª vez em nossa cidade, novamente pelos zelosos e atentos olhos da galera de nosso Coletivo Bigorna.

Foram três ensandecidas noites no Voodoo Bar, cada noite com cinco bandas, sendo duas visitantes e três locais. O público presente, na soma das três noite, quase alcançou a bonita marca de 500 pessoas. Eu daria também o número de litros de cerveja consumidos e despejados o chão, de limões espremidos para Caipirinhas e Mojitos, e de pedidos de “mais uma” e “bis”, mas esses são números que cabem à memória de quem lá esteve, e não deste desafortunado interlocutor que vos escreve.

Tudo teve início na molhada noite da sexta-feira 04 de março de 2011. Casa cheia, público na ânsia pelo start, que logo foi dado com Lopes. Vindos de Cuiabá, os caras abriram o festival com chave de ouro, com o perdão do errônio uso do termo. Muito bom ver que o GR2011CG já começava assim, com banda visitante, roda punk e toda a explosão que o Lopes sabe dar às suas apresentações. Pra satisfação integral dos presentes, ainda presentearam a todos com versões de “Ace of Spades” e “Man in the Box”. A sim, não posso deixar de mencionar a guitarra de Lopes. Poucas vezes vi tanto domínio do instrumento por um frontman. Genial nos timbres e melodias.

A primeira banda da capital veio trazer o punkabilly para o palco do Voodoo. Era a Toca-Fitas. Com letras sobre o cotidiano, bateria pegada e riffs marcantes na semi-acústica que empunhavam, rapidinho se tornaram responsáveis por mais uma pongada dos interessados. Nova menção honrosa, o baixo da banda. Muito bem trabalhado, como quase não se vê em bandas com esse influência rica do punk.

Com o recente trabalho “Ponto de Fogo” e, na época, às vésperas de lançar o início de seu trabalho audiovisual, Sarravulho tomou os ares da noite. É impressionante a cara de banda que essa banda tem. Reverenciam o público, são entrosados, grandes instrumentistas e teem músicas belas, que exaltam paixões e, como o nome sugere, deliciosas misturas de ritmos. Quando ouço a banda, sempre sinto que tem um pezinho no sambarrock, outro no embolado e por aí vai... sem definição, o que é o melhor!

Nossos amigos de Minas Gerais sempre teem a bondade de enviar boas bandas de lá para cá. Dessa vez não foi diferente. Lupe de Lupe trouxe pra Campo Grande um pouco do som baseado em lo-fi e indierrock garageiro, com letras ricas em influencias de nossa literatura nacional. A tempo não via um show tão honesto e com músicas que tanto me chamaram a atenção, além de serem um mineirinhos muito gente boa, sô.

No sábado, segundo dia de festival, a casa já estava amaciada. Tudo muito bonito, bem-feito, no ponto. Que abriu as festividades foi a já renomada banda de HC melódico Bizzarro’s. Os caras são foda no palco! Já estão na ativa a um bom tempo, o que habilita o público a saber muitas das letras. Mas o que não é muito bom é saber que teem tocado tão pouco, com tanto espaço de tempo entre uma apresentação e outra. Eu já afirmei aqui no blog, por mais de uma vez, o quão importante é o papel da primeira banda da noite. E eles subiram no palco e resolveram a parada no melhor estilo HC anos 90. Demais!

Em seguida, a banda que mais tenho tido gosto de ver show: Os Corleones. É impressionante como alcançaram cara e som de banda com tão pouco tempo. Agora eles tão com uma novidade, o baterista novo, Sherlon, que veio do longínquo Amapá apenas para ser batera dos caras. Atitude é isso aí! A música “Não pegue na lente” tem uma das letras que mais faz sentido pra mim. Na moral!

Folk de garagem. Eis um estilo que a banda tem que ser boa pra se destacar. A terceira parte das apresentações do sábado ficaram por conta da Bangs, banda de garage folk de São Paulo, que abrilhantou a noite com suas letras leves e levadas cativantes. Daqueles show que quando você vê, infelizmente acabou. Bacana foi ter visto a galera que fez o dever de casa e tava com várias letras da banda na ponta da língua. Banda marcante, com visual e som foda.

Aí foi a vez da Gobstopper. Banda da casa, que tem melhorado repertório e presença de palco a cada nova apresentação. Esse ano saí CD, ainda sem nome ou detalhes sobre as faixas, mas sabe-se que em breve começam as atividades em estúdio.

A última banda da noite foi um pacote de swing, boas letras e presença de palco. Irmão latino americanos, da vizinha Bolívia, a Animal de Ciudad fez um show excepcional. Levaram ao palco do Voodoo uma alegria que logo abraçou os convivas. Impossível não bater o pé que seja na levada dos hits dos caras. Um destaque para “Tierra de Colores”, música com letra bela e um vocal que faz querem que a música seja interminável.

Na terceira e última noite do festival, a explosão marcou presença. As 4 apresentações fizeram o público por corpos contra corpos. O espaço ficou pequeno para o brilho do ocorrido.

Quem inaugurou os trabalhos da noite foram os gajos do Parkers. A banda de punk, que é aqui da cidade, não tocava ha quase dois anos. Foi uma surpresa ver que ainda estavam em sintonia, provando que o rock nunca morre em um rocker.

Duas bandas de Goiás vieram para abrilhantar nosso Grito. A primeira, a Riverbreeze, trouxe pro palco do Voodoo um som com um refinamento ímpar, em belas músicas que chegavam a beliscar o som de bandas como Placebo . Um primor. Havia um grupo de mulheres que estavam curtindo até demais o som dos caras, hehe. Rolaram altas performances em frente ao palco. Muito foda.

A beleza talvez seja suja, mas com certeza é vermelha. Dimitri Pellz reafirmou isso durante sua apresentação. As músicas ficam presas ao corpo e parece que não mais se poderá ser possível interromper a dança. Além do fato de que as músicas novas são sensacionais.

Todo festival tem, em cada noite, um headline. No nosso humilde Grito Rock 2ª edição, me atrevo a dizer que o headline da terceira noite foi, na verdade, para todo o festival. Todas as bandas foram excelentes. Algumas explosivas, outras introspectivas, mas todas do mais belo e alto nível. Mas ficou a cargo do Black Drawing Chalks fechar com chave, maçaneta e cadeado de ouro nosso festival. Foi incrível. Roda punk do começo ao fim, muita gente dançando, músicas que são uma paulada na cabeça, no melhor sentido do termo. Uma apresentação memorável e que deixou vontade de um bis, mas de um bis do show todo. Tomara que voltem logo, pois ficou claro a admiração que o público de CG tem pelos caras.

Assim ficamos, esperando novos shows das bandas por aqui, novo Grito Rock em breve e muito mais de todo o mais – e menos, oras! – do 2º Grito Rock Campo Grande. Que venha 2012!

Escrevi estas mal traçadas linhas ao som de Rossini, Tchaikovsky e Beethoven,

porque a principal conversa que tive com alguém

nesse período de Grito Rock foi sobre esses três nomes da história da humanidade.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

 


 
VacaCorps