quarta-feira, 21 de julho de 2010

Jair Naves arrasa corações!



10 de julho de 1974 – o poema “Hino dos Bandeirantes” é instituído como “Hino oficial do estado de São Paulo”.


10 de julho de 1985 – declarado o “Dia da Pizza”, no também estado de São Paulo.

10 de julho de 1976 – nascia Ludovic Giuly, grande nome do futebol francês (mas de futebol não é uma boa hora de falar).

10 de julho de 2010 – Bigornada com Jair Naves como atração especial.

“Ok, mas... e os outros dados? E essas datas aí, mano?”

Simples: Jair Naves é um artista, um trovador – com banda, mas trovador – paulista, e antigo líder da, infelizmente, extinta banda Ludovic. Tudo se encaixa agora? Só se você estava lá, 10 de julho de 2010, no Bar Fly, para mais essa Bigornada- que acabou em pizza - que aqui vos apresenta, por Marcel Ribeiro e Manuela Barem.

Começou tudo conforme e música: casa cheia, bebida no ponto e discotecagem de alto nível, por conta de vocês mesmos, amigos da Bigorna. Afinal, tudo o que foi ouvido dos players do sr. Jean Gabriel foi sugestão de vocês, via Twitter, pelo novo canal bigornesco, o Bigorna Play (
#BigornaPlay). Obrigado!

Mas aí vieram elas, as bandas. Além de
Jair Naves, rolou ainda Gobstopper, Jennifer Magnética e Dimitri Pellz.

Muda pra voz de menina - é a Manu:

Os primeiros a tocarem foram nossos bigorneiros da
Gobstopper - inclusive banda desse aí que falou até agora. Não sabemos que nome dar ainda pra tanta energia num dos seus melhores shows. Se a gente chama de inspiração ou de conhaque.

Sei que nem os metaleiros presentes no bar sábado passado não resistiram ao docismo indie da Gobstopper. Gritaram alto “te esperaaaaar e vestir uma roupa decente, esperar algo diferente desse carnaval” junto com Elizeu Nico, Leco e Marcel.

Show grande, de ocupar o palco com naturalidade de gente encantada e deixar impossível o trânsito pela platéia. A única saída foi mesmo se entregar ao Gobstopper, que está em ótima fase. A guitarra cada vez mais presente e marrenta. Marcelzito swingadão e mais próximo do público enquanto Leco desce o braço, trio fechado. Belezura de se ver.

No intervalo dava pra identificar quem havia pedido qual música para a #BigornaPlay de longe. Só pela agitação e mini-escândalos do tipo “ahhh, essa é a música que eu pedi! Ouve, ouve!”. Clima ótimo, BarFly confraternizando até o chão.

Marcel: Eu pedi “Unza unza unza time”, do Emir Kusturica (caham).

Manuela: Eu pedi “Little Sister”, do Queens Of The Stone Age e “Home” do Edward Sharpe & Magnetic Zeros. Já te passei essa música? Não? Sim? Enfim.

Marcel: Gobstopper sai. Entra Jennifer Magnética. Quando lançou seu primeiro álbum, no longínquo 2007, os gajos da JM sempre assinaram suas composições com um nuance quase indescritível, que passa por heavy metal, rock n roll, folk... parece bagunçado? Então dê, ainda que tardiamente, atenção ao que de melhor se encontra a sua volta: Jennifer Magnética está de álbum novo, que será lançado em agosto próximo. Não fora o show de lançamento, mas o que a banda fez no palco da Bigornada foi uma prévia desse novo trabalho, “O Verdadeiro Underground”.

Talvez seja essa a melhor fase da banda. Tem todo um amadurecimento, uma incorporação. Só vendo mesmo para entender. Bem, eu vi. O show deles foi simplesmente incrível, com uma seleta lista das músicas que compuseram o nome da banda junto às que estão no novo CD. Sempre saltitantes, elegantes e talentosos, fizeram esse show sensacional e avisaram: show agora, só no lançamento do álbum novo! Vai tempo, passa logo...Tem um ditado na minha terra que diz que “camarão que dorme a onde leva”. A nossa onda, por sua vez, só leva quem não dorme. Ao menos quem não dorme em noite de Bigornada.

Depois de Gobstopper e Jennifer Magnética, chegou a vez de Jair Naves tomar o palco. E tomou mais que isso: tomou a cabeça de quem o assistia. Com suas letras cheias sutilezas e desabafos do dia a dia e suas melodias irretocáveis, graça, ainda, a sua banda, fez um show que bigorneiro algum pode por defeito.

Quando toca/canta, Jair dispara contra o infinito um olhar como quem diz “é com você mesmo que eu tô falando” e, dessa forma, acaba entrando na mente de qualquer um que esteja perante sua apresentação.

As linhas instrumentais arrepiam. Confesso que não sei as influências musicais da banda, mas é como se cada acorde, cada frase harmônica remetesse a releituras de Joy Division, Cursive, New Order... Lembrou-me outro grande show que presenciei no 2º Fogo No Cerrado, o da Hierofante Púrpura. Jair mistura essas guitarras marcantes, esse lo-fi envolto no teclado com baixo e bateria ditando os andamentos. Além, claro, de seu violão e voz, ambos emprestados com maestria às composições que calam aos mais inquietos.

Manuela: E no palco ele é tão ele que chega a ser ofensivo – dá pra sentir que a coisa bate fundo. Isso pra mim é coragem de se assumir. Não é sempre que vemos logo no primeiro trabalho solo um artista fazer obra tão confessional. Jair quer mostrar o que ele é, o que passou em Araguari, a cidade mineira onde nasceu seu pai. Fala da infância, daquele sentimento de não caber no mesmo lugar, de ninguém entender direito o que dizemos.

Tudo é abordado na sincera, as vezes parece doer pra sair, que nem alguém ou alguma coisa que se deixa no passado, meio turva, meio intocável, porque é difícil relembrar como foi. Ele mesmo diz: “agora, convenhamos: eu nunca me expus tanto, você nem pra impedir”. Jair fala sobre uma experiência tão particular que o sentimento acaba ficando universal. E deve ser aí que não dá pra resistir a entrega, ao que ele canta. A vontade é de concordar com tudo, dizer sim, te entendo, e assistir mais. Aceitar, talvez essa seja a palavra.

Nas últimas músicas do show – que passou voando e retornou sob pedidos de bis – Jair Naves comenta que não está vendo ninguém assoprar cerveja, como ele sabe que é o costume local. Mexe no buraco de formiga, no ninho de abelha, seja lá o que for. No mesmo minuto leva uma baforada e outra e outra e outra e perdi a conta de quantas outras. Fica ensopado, vai pro meio do público, sobe num engradado. Canta com os braços pra cima no microfone aos berros.

Enquanto isso o público o segue. No fim muitos aplausos, como se fosse possível ser diferente disso. Lindo, lindo, lindo. Inesquecível.

Na sequência Dimitri Pellz acende rápido seu fogo e na primeira música já queima no palco. Por incrível que pareça, depois de tanto show maravilhoso desses que tomam a gente por inteiro, a galera ainda tinha fôlego. Se o meu começava a faltar, voltou nessa hora.

Marcel: Fôlego. Dimitri Pellz é uma banda que rouba todo o fôlego das pessoas que as assistem, transforma em uma espécie de elixir vermelho e sujo e joga de volta à plateia através de suas composições. Dessa forma, aguça ao movimento até o mais coerente wallflower presente. Entre umas em outras, esse elixir é translúcido, alcoólico e de rápida absorção.

Fim de noite. Corações e espíritos vagam pelos abertos espaços no Bar Fly. Caminham em direção a suas casas, trabalhos ou igrejas. Agradecem a um deus qualquer (de sua preferências) por terem estado ali. Lembram: amanhã a lembrança dessa noite irá me fazer sorrir. Por um ou mais segundos, se forçam a ter que deixar a casa. “Pô. É: acabou”. Acabou mas sempre há uma próxima vez. E digo mais, com data e convidados confirmados: 24 de julho, com Nevilton, neste mesmo estabelecimento.

O que fazer até lá?

Por Marcel Medeiros e Manuela Barem

Bigorna Produções

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