terça-feira, 6 de abril de 2010

Entrevista exclusiva com Emicida*






*O texto a seguir é uma entrevista exclusiva com Emicida produzida durante a Bigornada de Março para o Portal Nagulha.



"QUERO QUE MINHA MÚSICA VIVA E QUE EU VIVA BEM COM ELA"

Texto e fotos por Manuela Barem


Vestindo regata, bermuda e chinelo chega Leandro Roque dos Santos, o Emicida, 24 anos, filho da dona Jacira e pai de Estela, que ainda tem apenas um mês e pouco de vida. No rosto óculos escuros de lentes ovais (o mesmo que aparece no clipe de “Triunfo”). Sorri ao avistar o local da entrevista: restaurante na beira d’um córrego que mistura o barulho da água corrente com um sambinha de leve no violão.

Acompanhado por seu irmão e produtor Evandro, os Djs Nyack e Roger e a produtora do coletivo Bigorna, Letz Spíndola, passa alguns minutos cantando e batucando na mesa. A recepção da sua primeira vez em Campo Grande (MS) agrada e talvez prepara para o show incrível que irá fazer mais tarde e marcar história como atração especial da Bigornada do dia 13 de Março. Festa realizada pela Bigorna Produções mensalmente, sempre com bandas locais e convidados especiais do circuito música independente.

Não é só a brisa fresca da copa das árvores faz Leandro se sentir pleno. O mc da Zona Norte de São Paulo está em ótima fase. Ganha o Brasil inteiro na humildade, com perna fina e passo largo. Nas costas, a aposta de muita gente que reclamava da saudade do rap em evidência desde a morte de Sabotage (2003), indicações ao Prêmio VMB 2009 da MTV, milhares de acesso no Youtube e a mixtape “Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe” elogiada pela crítica. E na boca do público.

Emicida leva para as letras o argumento típico das batalhas de freestyle, escolhe bases certeiras, mistura timbres e sampleia soul e samba. Coisas que cresceu ouvindo e outras mais que conheceu somente depois dos 15 anos, quando desceu pela primeira vez o morro em direção à cidade. “Queria conhecer tudo, mas como procurar algo que eu nem sabia o que era. Só sabia que não queria deixar de conhecer mais”, diz.

Hoje em dia viaja para várias cidades para cumprir a lista de shows marcados, profissionaliza a equipe e busca parcerias. Quando está em casa ouve Nelson Sargento, Paulinho da Viola e música popular nordestina para relaxar. Mas sem parar, porque ainda tem trabalho pela frente.

Em tom baixo e contínuo, Leandro fala sobre como conheceu o rap e se doou para a música, conseguindo vender mais de 10 mil cópias. Isso em 2010, sem gravadora, com CDs feitos em casa. O tempo todo fala em “a gente” para se referir ao trabalho do Emicida, sem falsa demagogia, mas como alguém que sabe que o trabalho funciona se é feito com verdade e em conjunto.




Como foi seu primeiro contato com rap? Onde e com quem você ouviu?

Ninguém me mostrou não. Um dia ouvi “Nomes de Meninas” do Pepeu tocando na rádio. Era uma coisa assim “fiquei sabendo que tem um tal de Pepeu, que canta rap bem melhor do que eu”. Era um cara muito importante pro rap e, pra você ter uma idéia, hoje ninguém sabe quem é Pepeu, mas o Racionais abria o show pra ele naquela época. Aí virou evangélico, a gente até tentou gravar um especial com ele no fim do ano, mas não ele não quis, tá ligado? Agora ele tá na igreja e não quis, é foda, mas é claro que a gente respeita. Compreendo ele. É uma barra né, meu? Viver de musica, arrumar a banda. A galera acha que nos estamos descolados, 100%, mas é uma parada que nunca termina e não é fácil.

É uma luta, mas nem é legal ficar reclamando tanto se não a galera vai achar outro emprego pra gente parar de sofrer, né? (risos). Aí um dia fui levar ele (aponta para Evandro) na escola e na volta comprei pela primeira vez “Sobrevivendo no Inferno”, do Racionais e “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára”, do Planet Hemp. Nunca mais parei de ouvir, mas ninguém precisou me mostrar. Não tem como alguém te ensinar a fazer rap e o máximo que você vai aprender é rimar igual quem te ensinou. Porque fazer rap ninguém ensina. Existem técnicas que podem ser dadas, mas o negocio é que você aprende criando você mesmo. E não é para parecer com ninguém. Eu acho massa é meter a cara mesmo e ir fazendo, vivendo, sabe? Vivendo, vivendo, vivendo, e fazendo. É o que eu fazia antes. Eu escutava um rock e fazia o meu. Escutava um samba e fazia o meu, tá ligado?

E desde quando você fazia isso?

Desde pequeno, desde 4 ou 5 anos. Porque eu não tinha grana para comprar disco e eu catava o gravador da Sony e gravava eu mesmo o que inventava. E assim também era com historia em quadrinhos, eu desenho ainda. Eu trabalhei como ilustrador. Hoje em dia eu me dou ao luxo ainda de fazer por hobby.

Tem desenhado ultimamente?

Agora eu me pego desenhando enquanto tô conversando com os caras. Eles falando e eu vou rabiscando. Mas eu ainda tenho vontade de fazer mais. Quero lançar uma história em quadrinhos ainda nesse ano. Eu estudei design e conheci várias pessoas que gostam. Eu acho parecido fazer música com fazer quadrinhos, até nessa questão de mercado. Você tem que suar a camisa do mesmo jeito e pra lançar tem que ser uma estratégia parecida com a da mixtape, não dá pra pensar em emplacar uma revista em quadrinhos como a da Turma da Mônica.

E talvez qualquer tipo de arte contemporânea, ou independente, tenha que ter esse caminho mesmo hoje em dia, né?

Com certeza. Eu acho também, tem um monte de cara grandão, representava antigamente um monte de empresa e hoje caiu. A informação mais rápida descentraliza esse poder, a gente sabe disso. Mas o trabalho que você tem pra produzir hoje é o mesmo de antigamente e as pessoas não se lembram tanto disso. Embora você tenha outros recursos, as pessoas ouçam mais música com mais diversidade do que naquela época, o trabalho que você tem ainda é o mesmo. E é muito trabalho.

A mixtape tem cara de álbum, desses pensados pra passar uma mensagem, com começo meio e fim. Como foi elaborá-la?

Concordo com isso e acho que tem também álbuns que parecem mixtapes. Você sintetiza a parada pra contar uma história, por isso se chama assim, “Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe”, que é pra contar minha história pras pessoas. Vem a introdução, dizendo “é necessário voltar o começo, os caminhos se confundem”, então que a gente pare e veja o que quer, antes que o barco siga. Mas tem que pensar porque tem passado e futuro, e não só presente.

O lance de pensar em começo, meio e fim foi intuitivo, mais intuitivo do que proposital. Direciono mais pro que eu sinto do que para uma ordem mercadológica. Mesmo o público entende que começa de uma forma profunda, depois tem uma coisa de afirmação mesmo, de dizer que estou aqui independente se eu estiver sozinho, aí vai indo e rolando pra funcionar como uma conversa. Assim como agora eu vou falar com você de várias coisas e podem não ser numa ordem cronológica. E pode ser que eu faça uma música sobre isso aqui de hoje daqui uns sete anos se for uma parada importante que volte num momento pra mim.

“A música volta pra você depois de você se dar pra ela muito tempo. É uma pessoa difícil, sabe? Você tem que acompanhar ela, estar junto com ela por muito tempo e talvez ela volte pra você depois”

Você escreve constantemente, mas rolam fases de ‘block’ (bloqueio de inspiração pra escrever)?

Cara, tenho vários blocks e é bem horrível. Porque é muita coisa, né? E só estou tendo tempo pra fazer às vezes. Queria ter tempo para escrever mais. Agora estamos nos organizando pra parar de fazer shows e fazer uma nova mixtape. É o momento, sabe? É um tempo legal para tentar correr com outra e depois pra fazer um disco oficial do Emicida. É difícil parar de fazer shows porque a gente é independente, né, precisa trabalhar por grana todo dia para poder produzir. Independente não tem essa direitos autorais e outros lances que permitem você parar um pouco. Agora que eu consegui receber um por causa de uma grana que caiu de execução pública, em televisão e essas coisas.

E como foi?

Meu, fiquei muito feliz. E ao mesmo tempo penso “pô, foda, né? Se o mercado fosse equilibrado, dando espaço para os Racionais, Black Drawing Chalks e Ivete Sangalo ao mesmo tempo, se o mercado se preocupasse mesmo com isso, ia ser mais rentável pra todo mundo. Ainda preferem trabalhar com um único gênero, e se isso morrer partem pra outro. Você para e pensa em Chico Buarque, Caetano, Elis Regina, que são monstros da música, e cadê os monstros da musica da nossa geração? O último disco do Caetano não fez barulho nenhum, tá ligado? Então pensam que não é rentável a molecada ver um tiozinho, porra, mó da hora ali tocando pra gente mais nova. Pegam uns caras, molecada tudo igual, fazem um ritmo industrial, acham que o cara é um superstar, mas pra indústria não é nada, porque já tá se ligando num outro cara que tá chegando, preocupado com pagar jabá para por na mídia, começar a rolar pra banda ir pro sucesso. E ninguém pensa numa coisa de carreira, a longo prazo, não banda de hit, mas de história. Hoje você tem uma tradição de não se preocupar com a história.



Dentro desse cenário, onde você acha que acertou fazendo com que dessem atenção ao que você produz?

Simples. De tudo o que eu fiz, fiz acreditando q eu tinha que fazer no momento que eu senti que era necessário. Participei das batalhas de freestyle, ganhei muitas, e veio uma hora que eu resolvi que tinha que ter uma carreira. Os caras idolatram quem faz (freestyle), mas isso não tem uma longevidade, precisa de algo pra construir uma música pra depois construir carreira séria. O que eu quero fazer é música. Até porque na batalha às vezes tomam rumos que eu não curto. Na maioria das vezes vira um concurso de piadas, tirando se você é magro ou gordo. Acho o improviso maior do que isso, um cara tirando o outro.

Eu e uns amigos lutamos contra isso e me distanciei por causa disso. Achei melhor sair pra construir uma mensagem, tá ligado? Eu vejo o improviso como ouvir John Coltrane e se você tiver na vibe vai enteder o que aquilo significa: o cara no bar, som mais ou menos e não importa, brigou com a mulher…numa batalha de freestyle também tem esse aspecto, as pessoas que vivem e compreendem aquele momento é único é porque elas tão muito na vibe da parada. Quem tá aqui e vê isso é foda. E esse é o grande lance da música. Eternizar o sentimento de uma forma tão grande que várias pessoas que viveram aquilo ali se identifiquem quando forem ouvir.

“As pessoas dizem que sabem que viver é muito mais do que pagar contas, mas elas querem que a música faça isso por elas. E aí nem enxergar elas conseguem, não conseguem que a música viva. Eu quero que minha música viva e que eu bem viva com ela”

Desde quando você decidiu trabalhar com música de fato, se dedicar unicamente à música?

Desde 97 eu sentava e escrevia as coisas que via na rua. Era uma necessidade, não era porque tava pensando em construir uma carreira. Não era isso ainda. Mas a música volta pra você depois de você se dar pra ela muito tempo. É uma pessoa difícil, sabe? Você tem que acompanhar ela, estar junto com ela por muito tempo e talvez ela volte pra você depois. E não tem essa de ganhar dinheiro fazendo show se não pensar desse jeito, aí você vai viver no mais ou menos. O que você tem de tirar da música não é dinheiro, é satisfação. O resto vem depois. Quer dinheiro logo vai trabalhar no banco. Obviamente rola grana, a gente não estaria aqui se não tivesse grana de cachê e estrutura, gasolina pra eu vir até aqui, ter uma parada pra comer. Eu conheço muita gente que largou tudo para viver de música e não aconteceu nada nesse ano, nem vai acontecer no ano que vem e nem daqui a dois anos. Porque é uma parada que ela voltou pra mim.

Uma vez tava conversando com o produtor do Rappin Hood e ele disse para mim “mano, você tá certo”. Eu disse pra ele que se essa parada não adiantar nada, eu não tenho problema nenhum de pegar um currículo e entregar no McDonalds. Eu vou fazer isso do mesmo jeito, eu amo fazer isso, amo música. Acho que é porque eu tenho esse bagulho largadão de “ah, mano, eu amo mais música do que ganhar dinheiro”. É lógico que eu gosto de dinheiro, também, porque eu quero fazer as coisas que eu gosto e viver sem passar necessidade. Mas não tenho problema nenhum de trampar em uma parada de grana e fazer musica como hobbie.

A diferença é que agora de hobbie ela virou uma coisa que eu não tenho tempo mais para nada a não ser isso. Mas a parada mesmo é que a musica só volta pra você se não for uma intenção que eu chamaria até de mesquinha. Porque as pessoas dizem que sabem que viver é muito mais do que pagar contas, mas elas querem que a música faça isso por elas. E aí nem enxergar elas conseguem, não conseguem que a música viva. Eu quero que minha música viva e que eu bem viva com ela. Tudo é uma seqüência, e muitas vezes a seqüência é em longo prazo.

Que estratégias no meio independente que você reconhece que funcionam?

Primeiro de tudo, não adianta ter o produtor e você achar que a pessoa vai dedicar a vida dela a te achar, a dedicar a vida a levantar o seu trabalho. Muitas vezes é uma troca de trabalhos, de favores, uma pessoa que produz shows em contato com uma banda boa. Eu particularmente acho que a independência é o caminho para todo mundo agora. Eu amo ser independente.

Não tô dizendo que vou ser para sempre porque sei que propostas podem vir a acontecer amanhã, mas acho muito pouco provável que me agrade porque a forma arrogante que as gravadoras trabalham…tipo uma mina zoada que acha que é a Gisele Bündchen. Imagina a Dercy Gonçalves bater de frente com a Ju Paes, tá ligado? (risos). Eu acho que é isso. Finada Dercy, tadinha (risos). As gravadoras precisam de uma abordagem mais humilde.



Isso rola desde quando a internet ficou popular, né? Já tem tempo.

É, com certeza. Puro pensamento atrasado. Além disso, a gente tem um mercado da hora e a pirataria não viu a gente ainda. Não viu na mesma magnitude da Ivete Sangalo. Eu não tô numa evidência constante pros caras quererem copiar meu CD, mas seria massa. Porque o que faz a gente circular é nosso nome em evidência, independente de como. A vendagem que a gente tem hoje em dia a gente considera muito, milagre ter vendido 10 mil cópias.

Como foi isso na prática? Vocês saiam na rua pra vender? Procuraram a galera pra comprar?

Primeiro compramos CDs, papel, tesoura, cola, os bagulhos todos e fizemos o trampo mesmo de artesão. Igual o Macaco Bong que fala que a gente tem que ser artista igual pedreiro, esse bagulho uniforme, acho que por isso que eu me identifico tanto com eles. Aqui somos todos iguais, eu, o Roger, Dj Nyack, Evandro, todos com funções diferentes. Hoje a noite eu vou cantar, o Nyack vai tocar, o Evandro vai organizar e o Roger vai cuidar do som e de qualquer problema que possa ter. Eu me vejo como um elo numa corrente e não como a cereja do bolo e os caras tocam para mim, tá ligado? É o que dá certo. Todo mundo trabalhando por um ideal comum, e não um querendo aparecer mais que o outro.

Aí no primeiro dia enchemos a mochila de CD e já traçamos as metas, fizemos tudo que nem telemarketing. Vender um tanto de CD por dia. Tem uns caras que vendem 3 CDs num show, numa noite e chegam falando felizes que conseguiram vender. Hoje se a gente vende 200, 300 e volta do show pensando “caralho, que será que aconteceu que hoje nós vendemos pouco?” Pra gente o bagulho é todo muito maior, tem dias que vendemos 500 CDs, 600. E outros caras levam CDs nossos também, o Kamau vai viajar e leva.

E se você for olhar ali na mala tem Pentágono, Kamau, uma galera que a gente conhece e quer…nem é dar força, porque a gente não tá no mesmo pé que eles, mas se vai colocar nosso CD ali pra vender, coloca o deles também. A gente acredita na galera que vem da geração como a nossa, da minha e da sua, que querem ter o CD ainda, querem pegar, ver o encarte. Na cabeça dela tem a obrigação de “pô, gosto dessa banda, tenho que ter o cd dela”. Tem um monte de cara que fala isso: baixei a parada, mas quero comprar o CD. É como se fosse uma prova de que ele viveu aquela parada, aquele tempo.

Todas as músicas que você produziu naquela época foram lançadas na mixtape ou tem mais guardadas aí?

Tem sim, e tem as novas ainda. Tem umas trinta. Tem musicas antigas que posso fazer de outro jeito hoje, mas ainda sim é um retrato, como uma foto velha e você fala “olha a roupa que eu tava usando”, tipo isso mesmo. É um momento que eu tava e as pessoas vão compreender. Eu quero colocar umas dessas na próxima mixtape também, porque acho importante.

Já tem previsão para lançar o próximo trabalho?

Acho que daqui uns três meses, dá para esperar já. Estamos escrevendo o projeto, rolando parcerias pra sincronizar nomes, marcas com a música, desde que sejam coerentes com a minha proposta.

Letícia Spindola, produtora da Bigorna Produções pergunta – Como é a relação do rap com o com rock pra você, na questão de público?

É boa, claro. A gente é burro se a gente não conversar com todos os públicos porque a gente tá fadado a morrer se o público mudar de idéia. E a coisa mais fácil que pode acontecer é o público mudar de idéia. Nosso público é híbrido. Se você for ver o nosso público em São Paulo é a galera do rap, do skate, do rock, do samba. A gente já chegou no mercado sem reunir as pessoas que ouviam única e exclusivamente rap, porque é coisa dessa geração não separar as coisas. Se tem um samba a gente vai lá ver e acaba rolando uma parada com a gente também. Mesma coisa com o público de rock. Tem uma galera do rock que a gente gosta muito, como o Rock Rockets. Já tocamos juntos em São Paulo, em lugares como a Outs (casa de show na Rua Augusta) e a galera aos poucos foi se acostumando. Você vendo a fila dobrar depois de um tempo, muito legal.

A relação com MTV mudou a abordagem das pessoas com vocês? Abriu mais portas e etc?

Com certeza dá um peso maior sim. Tenho uma relação boa pra caralho com a MTV. Eu acho até que em vários pontos a MTV faz a parte dela e acho que as bandas podem cobrar coisas, como também tem que ser com o governo. O governo deixa de apoiar um monte de coisa que seria boa pra população e a população não cobra, então para os caras também, tanto faz. A gente devia falar o que quer ver. Tem vários boatos aí dizendo que eu sou jogada da MTV, tá ligado? De que eu paguei pra ser indicado ao prêmio, que eu paguei para tocar. E a única vez que eu fui lá antes de ser indicado foi a vez que eu levei o CD. O clipe ficou pronto e eu fui lá entregar na mão deles, nem sabia se ia passar na programação, fui lá levar, tá ligado? Eles é que decidem o que vai passar. Mas mesmo assim, tem uma galera que não leva.

Em várias da suas letras você procura deixar claro que é um cara que já passou por muita coisa e enfrentou tudo com coragem. Tem alguma coisa que lhe desperta medo?

Não, porque eu sempre fui uma pessoa que não tem nada a perder. O que vier é lucro sempre. Tipo, fiz uma aposta, gastei toda a grana que eu tinha para fazer essa mixtape. Então não vou me tornar refém dos passos que eu já dei. Eu acredito muito no que eu to fazendo, nem tem porque eu ter medo de nada não. Ah, na verdade, tirando a casa mal-assombrada do nosso amigo Mundico eu não tenho medo de nada. Mano, é foda (risos). Ele mudou pra uma casa que tinha um terrenão. Lá morava uma senhora e os filhos tiraram de lá e colocaram ela num asilo. Ela ficou tão puta que ficou louca e depois morreu. E varias pessoas tem história de mudar pra lá e os caras começarem a pirar. E mano, na casa dele, você ta lá e fica alguém respirando (imita respiração profunda, inspirando e aspirando). Mano…é foda (risos). Dá um medão enorme. Meu amigo abaixou o volume da TV e fica a respiração alta, na sala. Fora isso não tenho medo de nada não (risos).



Assista abaixo o vídeo da Bigornada de Março, com shows de Emicida, Gobstopper, Jennifer Magnética e quatroevinte mc x Rockers Sound System:





Por Manuela Barem
Bigorna Produções

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